O Vampiro de Niterói

domingo, 30 de agosto de 2020

O Vampiro de Niterói


 

O Vampiro de Niterói ep. 01

 Hoje vou contar nesse episódio de estreia a história de Marcelo Costa de Andrade. Que ficou nacionalmente conhecido como o Vampiro de Niterói depois de alegar que tomava o sangue de suas vítimas, que foram meninos entre 6 e 14 anos de idade. Ele alegou para as autoridades na época que ele matava as crianças porque assistiu num culto pela televisão que quando as crianças morriam elas iriam direto para o céu, e essa foi a forma que ele encontrou de salvar suas almas.


Ouça o episódio na integra:


  O vampiro de Niterói, foi acusado por matar 13 meninos entre 6 e 14 anos de idade, onde ele afirmou que bebia o sangue das vítimas para ficar com a pele mais jovem e pegar a pureza das crianças.

 Nome completo: Marcelo Costa de Andrade

Nascimento: 2 de Janeiro de 1967

Crimes: Matou 14 crianças com idade entre 6 e 14 anos de idade

Situação atual: Está internado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Henrique Roxo em Niterói, Rio de Janeiro.


Marcelo foi capa da Revista Veja em Fevereiro de 1992.

Quem foi Marcelo?

Ele nasceu na favela da Rocinha no Rio de Janeiro, em 2 de Janeiro de 1967.

Sua mãe Sônia Xavier costa, trabalhava como empregada doméstica. Já seu pai era balconista de bar, onde ele era alcoólatra, e constantemente espancava a mãe de Marcelo. O garoto estava sempre por perto quando via tais agressões.

Esse é um típico cenário de um assassino em série.

Cansada dos abusos do marido, Sônia, a mãe de Marcelo, decide se divorciar.

Com o divórcio ela vê que não conseguiria manter a casa e seus filhos.

Ela então aceita uma oferta de emprego de seus atuais patrões para trabalhar em tempo integral, ou seja, trabalhar o dia todo e para isso teria de dormir na casa deles.

Mas Sônia não poderia levar Marcelo com ela, então ela o manda para a casa da avó. Onde ele não tinha muito contato, ele foi totalmente contra a decisão da mãe, onde ela não tinha escolhas e mesmo contra a vontade do filho o deixa lá.

Sônia, mãe de Marcelo (1992)


Se sentindo sozinho e abandonado ele fica morando com sua avó em Sobral, uma cidade pequena no interior do Ceará.

No começo, quando estava morando com sua avó, ele chorou muito, pois na cabeça dele, ele não entendia o porque tinha sido deixado lá abandonado.

Mas com o tempo ele se acostuma com o novo lar.

Ele alegou em entrevistas que sua avó batia muito nele com cabo de vassoura e correias. E ainda segundo ele, nessa época ele disse que via vultos e fantasmas a noite, ele até chegou a contar para sua avó, mas que ela não acreditou nele, pois achou que era coisa de criança e que logo ele passaria dessa fase.

Já na escola, ele era chamado de retardado pelo seu jeito e o chamavam também de burro por não conseguir acompanhar os outros alunos de sua turma. Em sua vida escolar o máximo que conseguiu foi as 4 operações básicas de matemática, adição, multiplicação, subtração e divisão simples. Aprendeu também a ler e a escrever.

Quando ele completou 10 anos de idade sua mãe voltou a Sobral para buscá-lo, e levá-lo de volta ao Rio de Janeiro.

E isso foi uma surpresa para Marcelo, já que se passaram muito tempo desde que não via sua mãe.

Ele então não queria voltar, pois já tinha se acostumado com a sua vida morando ali com a avó. Mas sua mãe não lhe deu muito atenção e o levou contra sua vontade.

De volta no Rio, ele morou com sua mãe e seu padrasto, o novo namorado de sua mãe. Porém uma coisa não mudou, as brigas, sua mãe e seu padrasto brigavam muito, tudo era motivo de discussão e novamente Marcelo estava presente as violências contra a sua mãe.

Numa das brigas do casal, Sônia faz as malas e sai da casa com Marcelo, ela então consegue um novo emprego em tempo integral. E como da outra vez ela precisa deixar seu filho com alguém, pois não poderia levá-lo ao trabalho.


E desta vez ela o leva para a casa do pai biológico.

Agora seu pai era casado e tinha filhos.

Ele não foi bem aceito pela madrasta e ela sempre deixou isso muito bem claro. Ela alegava que ele era muito estranho, pois ele tinha ataques de risos do nada. E ainda segundo ela, ele não era uma boa influência para seus filhos.

Então a madrasta e o pai de Marcelo começam a brigar por conta de sua presença ali na casa.

Marcelo não tinha amigos e era considerado pelas pessoas a sua volta como um menino esquisito.

Seu pai então decide colocar ele numa casa para meninos, estilo um colégio interno.

Ele não aceita ser largado mais uma vez, então foge da casa para meninos onde seu pai o deixou, por ainda ser menor de idade, ele vai para a central do Brasil, ele ficava ali na região próxima a estação de trens.

Central do Brasil

Foi nessa época que os abusos sexuais começaram.

E foi aí que ele começa a ver uma oportunidade de fazer dinheiro. Com a prostituição.

Então ele ouve a falar na Cinelândia, o que o faz ficar fascinado pelo local, pois quando morava com o pai ele gostava de ficar assistindo desenhos e os preferidos dele era os da Disney. E Cinelândia o fazia lembrar da Disneylândia. Ele então vai para Cinelândia e começa a morar por lá.

Cinelândia era o nome do lugar próximo a praça Floriano no Rio de Janeiro.

Cinelândia, Rio de Janeiro


Ele alegou que não gostava de se prostituir, mas gostava do dinheiro que conseguia e era a única forma que ele encontrou para sobreviver, por isso continuava nessa vida de prostituição.

Ele disse que sempre era o ativo em seus programas, mas um certo dia um homem mais velho o obrigou a ser passivo e isso o deixou muito perturbado por um tempo e que até pensou em cometer suicídio.

Quando completou 16 anos de idade ele foi morar com um homem mais velho chamado Antônio Batista. Ele começou a sustentar Marcelo, foi aí que ele foi apresentado a igreja Universal.

Mesmo sendo sustentado por Antônio, Marcelo continuou com sua vida de prostituição para ganhar dinheiro.

Um dia Antônio conta para ele que ele recebeu uma proposta de trabalho em um outro estado, Marcelo ficou muito feliz com tal notícia, porém Antônio disse que não o levaria com ele. Então Antônio se muda para um outro estado deixando Marcelo sozinho para trás.

Sem ter onde ficar, ele volta para a casa da mãe. Onde ele consegue um emprego formal de entregador de panfletos.

Ele então ajuda a casa financeiramente e nos afazeres.

Ele continuou com sua fé, e assistia aos cultos da Universal pela televisão.

Revistas encontradas em seu quarto,
revistas religiosas e pornográficas.

E em um desses cultos ele ouviu um pastor dizer que “Quando as crianças morrem elas vão direto para o céu por elas serem puras.”

Segundo Sônia, a mãe de Marcelo ele gostava de ouvir músicas infantis ele ouvia muito as músicas da Xuxa e de outras cantoras da época.

Ainda segundo sua mãe, Marcelo gostava de ficar ouvindo uma fita de seu irmão mais novo chorando.



Seus crimes

Descobrindo seus crimes

12 de Dezembro de 1991 um pescador encontra na rede de esgoto o corpo de uma criança.

Foi constatado que a criança encontrada foi abusada sexualmente, mas não conseguiram identificar a criança.

Local onde ele abandonou Altair, sua última vítima.

O psiquiatra Pedro Bocayuva, vai até a delegacia e diz que os assassinatos que estavam ocorrendo na região tinha alguma ligação e que eram cometidas por apenas uma pessoa.


Dr. Pedro Antônio Boayuva.

Nessa época estavam aparecendo alguns casos na região, corpos de crianças e moradores de rua, porém as pessoas não estavam dando tanta importância, já que as vítimas eram pobres. Mas que depois que muitos relatos começaram surgir, as pessoas na região ficaram assustadas e notícias começaram a estampar capas de revistas e jornais.

Nessa época os sistemas não eram automatizados, e isso fazia com que cada caso fosse investigado separadamente, impedindo assim de mostrar possíveis ligações entre um caso e o outro.

Isso também se deve ao fato de que nessa época, não havia tantos casos de assassinos em série.

E tal deficiência do sistema impedia casos como esse pudessem ser solucionados de maneira mais rápida. E era isso que o psiquiatra queria fazer, cruzar esses dados para poder chegar no assassino.


14 de Dezembro de 1991, um comerciante, duas mulheres e uma criança vão até a delegacia para relatar o desaparecimento do filho mais novo, Ivan de apenas 6 anos de idade.

Os filhos dessa senhora a ajudavam a vender doces e a pedir esmolas nas ruas. Segundo o relato da mulher no dia 12 de dezembro o garoto que desapareceu e seu irmão saíram por volta de uma da tarde e apenas Altair voltou no dia seguinte. Ele estava com as roupas cheias de sangue e com um corte na cabeça.

Apesar das inúmeras perguntas que sua mãe fazia ao filho sobre o irmão desaparecido ele não respondia, ficava assustado e chorava muito.

O policial então conta sobre o corpo que fora encontrado nas redes de esgoto e que batia com a descrição que a mãe deu sobre o filho.

Altair até então não sabia que seu irmão poderia estar morto, então ele começa a falar o que aconteceu no dia em que seu irmão desapareceu.

Segundo o relato de Altair, um homem ofereceu dinheiro para os irmãos para eles o ajudarem a acender uma vela para o santo em que ele era devoto, o santo era São Jorge. Quando eles se aproximaram de um viaduto, Marcelo se aproxima de Altair e tenta beijá-lo, assustado o garoto sai correndo, mas rapidamente ele é pego por Marcelo. Ele então começa a se debater nos braços de Marcelo e acaba batendo a cabeça nas pedras.

Altair então assiste em choque seu irmão mais novo ser estuprado. Logo em seguida ele vê seu irmão Ivan de apenas 6 anos de idade ser estrangulado.

Altair então começa a fazer tudo que Marcelo pede, essa foi a maneira que ele encontrou para poder sobreviver. Eles passaram a noite no matagal atrás de um posto.

No dia Seguinte Marcelo precisava trabalhar, ele então leva Altair, porém com um pequeno desleixo ele deixa o garoto escapar.

Jornal com uma matéria sobre Marcelo, onde ele é comparado com Jack Estripador.

A polícia vai então ao trabalho de Marcelo, e para a surpresa dos policiais o encontra tranquilo almoçando normalmente. Altair então aponta em direção a Marcelo e diz que ele era o responsável pela morte do irmão mais novo. A polícia então dá a voz de prisão a ele e Marcelo diz “Achei que vocês vinham ontem. Fui eu que matei!”

Ele então é levado a delegacia, ele então começa a dar risada sem parar, o que deixou os policiais nervosos.

Marcelo que ficou conhecido nacionalmente como o vampiro de Niterói confessou todos os seus crimes para a polícia e para o espanto dos policias, com todos os detalhes.

Esse apelido que ele ganhou foi por um fato: Ele batia na cabeça de suas vítimas com uma pedra colhia o sangue o máximo que conseguisse, mesmo que precisasse deixar o corpo de cabeça para baixo para escorrer o sangue numa vasilha, depois bebia o sangue. Segundo Marcelo, ele fazia isso para manter sua pele mais jovem, ele alegou também que passava o sangue no rosto e nos braços e assim ele também pegava a pureza da criança.

Uma outra matéria sobre Marcelo.

Ele foi acusado de ter matado 14 crianças, todas do sexo masculino onde as idades de suas vítimas iam de 6 a 13 anos de idade, as mortes ocorreram dentro de um período de 8 meses.

Ainda segundo Marcelo, ele ia no dia seguinte ao local onde deixava suas vítimas e as encontravam lá da mesma maneira que havia deixado, e abusava delas mais uma vez.


 Descoberta e prisão

Acusação!

Marcelo foi considerado inimputável pelas leis brasileiras. Ele foi diagnosticado como doença mental grave com esquizofrenia, portador de personalidade antissocial e inteligência baixa.

Ele não foi julgado por nenhum de seus crimes.

Ele foi internado no hospital de custódia para tratamento psiquiátrico Heitor Carrilho para tratamento por tempo indeterminado.

No dia 24 de Janeiro de 1997, ele consegue fugir do hospital quando um dos guardas se descuida e deixa um dos portões abertos durante o banho de sol dos pacientes.

No dia 5 de fevereiro ele é encontrado na cidade de Guaraciaba no Norte, no Ceará. Segundo seu depoimento ele foi visitar seus pais e logo em seguida ele iria para Israel, a terra prometida.

Marcelo foi encontrado depois de fazerem uma denúncia anônima.


Em 2003, ele foi transferido para o hospital de custódia e tratamento psiquiátrico Henrique Roxo que fica na cidade de Niterói Rio de Janeiro, onde está até hoje.

Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Henrique Roxo, Rio de janeiro.




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